segunda-feira, 22 de abril de 2013

FAZEMOS QUALQUER NEGOCIO!!


P.S. -mas só pra quem acredita!!

segunda-feira, 15 de abril de 2013

REBELIÃO EM ANTONINA!

Batuque na cozinha, sinhá não qué!

Em 15 de janeiro de 1859, o suplente de delegado Joaquim Leite Mendes estava desesperado com as notícias que estava recebendo. Com o olhar preocupado, tirou o chapéu e deu uma olhada pela janela. Lá fora, um semelhante dum calor, ele via os urubus pousados no telhado de asas abertas, depois da chuva que recém caíra e esperando a chuva que ia cair mais tarde. O morro do Feiticeiro estava semi-encoberto por uma nuvem fina. O ar estava abafado, mormacento.
Leite Mendes preocupava-se, pois o delegado Alves d’Araújo estava em viagem para a Vila do Príncipe [hoje Castro]. Que fazer? Depois de raciocinar olhando os telhados pela janela, tomou sua decisão. Pegou uma folha de papel, a pena e a tinta, sentou-se à mesa e, com sua fina caligrafia, começou a redigir um ofício endereçado ao governador da província, Francisco Liberato de Matos: “ontem estava este Município de Antonina  exposto a uma próxima sublevação de escravos sob protesto de sua liberdade geral que lhes foi conferida mas que foi negada por pessoa suspeita da cidade”.
Sim, a cidade de Antonina estava na iminência de uma sublevação de escravos! Como se daria isso? Leite Mendes tomou da pena e voltou a escrever: “servindo-se eles de dois grandes bailes denominados congadas que há muito tempo fazem todas as noites nesta cidade a pretexto de ensaio para sua festa de São Benedito”, explicou ele ao governador em sua caligrafia redonda. O tal do levante “terá lugar segundo consta no dia 20 deste mês, para por esse meio de reunião transmitiram essa notícia a escravatura dos sítios e consequentemente preparavam-se para o fim do sinistro plano”, explicou Leite Mendes.
Era o meio da tarde. Mas que fazer? A carta tinha que ir á Curitiba ainda aquele dia. Leite Mendes procurou um dos tropeiros de sua confiança, que estava com os cavalos amarrados ali no campo, perto da matriz. Sim, o tropeiro garantiu, um deles iria a Curitiba dentro de pouco tempo. Ia dormir em algum lugar da serra, mas antes do meio dia estaria chegando a Curitiba. Leite Mendes entregou-lhe a carta endereçada ao Governador e voltou pra casa, mais aliviado. Tinha cumprido sua missão.
Durante os dias que se seguiram, Curitiba e o litoral viveram momentos de angustia. As autoridades estavam simplesmente apavoradas com a possibilidade de um levante escravo em Antonina. Cartas foram endereçadas para Morretes e Paranaguá, prevenindo os senhores de escravos antes que a fagulha da revolta se espalhasse. O medo tomou conta das casas, e nem as tempestades de verão no final do dia davam algum alento aos patrões.
O governador mandou reforço policial para Antonina, enviando o Capitão Manoel Eufrásio de Assumpção e mais quatro soldados. Estes deveriam arregimentar os soldados disponíveis em Porto de Cima e Morretes. Assim reforçados, a brava tropa policial entraria em poucos dias numa Antonina em polvorosa, assustada com a possibilidade de um levante de escravos.
O próprio delegado Alves d´Araújo, no dia 19 de janeiro, quando retornou de sua viagem foi, ele mesmo, interpelado por alguns pretos mais desaforados. Estes exigiam que ele lhes desse a liberdade a que eles, os pretos, já tinham direito. Alves d´Araújo, é claro, não sabia de nenhuma alforria. “Mas tem sim”, disseram-lhe os pretos. Segundo os escravos, havia uma ordem de libertação geral direta da Coroa, e ele, Alves d`Araújo, estava, por interesses escusos e perversos, negando a eles conhecer a verdade. Havia, inclusive, um navio inglês chegando ao porto para protegê-los e fazer os senhores aplicar a lei.
Como diríamos hoje: que surrealista! Como diriam os antigos, que maçada!! Haverá então uma revolta escrava em Antonina? O que acontecerá?
(segue)

quinta-feira, 4 de abril de 2013

SAIVÁ



Ao Dr Bernardo Vianna

Hoje ao fitar-te, ó velho campanário
D´hera coberto, triste, abandonado,
A minha alma levanta-te o sudário,
E chorando, relembra esse passado!

Hontem festivo e todo engalanado,
Eras dos crentes meigo relicário,
E teus sinos num doce modulado
Povo chamava para o santuário!

Eu era como tu, feliz, ditoso!
Mas, bem cedo, finou-se tanto goso,
Que banhava em doce alacridade.

Meu coração é templo de amargura,
Onde tange o sineiro Desventura
O carrilhão da magua e da saudade!

Thiago Peixoto, poeta antoninense (1876-1921) (mais, ver aqui)

quarta-feira, 3 de abril de 2013

OS BAGRES E A EDUCAÇÃO


Durante minha convalescença, acompanhei com interesse a polemica sobre a questão da Educação na Deitada-a-beira-do-mar. Ao que tudo indica, os ânimos ferveram na terrinha, ao sabor das paixões que despertaram algumas nomeações de João D´Homero na Secretaria da Educação. A minissérie de Márcio Balera (aqui) com a "dupla dinâmica" da Educação, pela inspiração e pelo humor certeiros, lembrou os tempos de ouro do nosso sempre querido “Bacucu com Farinha”.
Educação, todos nós sabemos, é importantíssima. Também sabemos que  a qualidade de nosso ensino foi jogada lá no fundo do poço pelo descaso com que o ensino é tratado pelos sucessivos governos. Todos se incluem nessa conta: federal, estadual, municipal. Infelizmente, ensino de qualidade não dá votos. O brasileiro médio tem outras prioridades. Os governantes também. E tudo se ajeita na mediocridade que vemos por aí.
Só que hoje, a educação (ou a falta de) tornou-se um gargalo para o próprio crescimento do país. Sem mão-de-obra especializada, não tem como ter industrias mais tecnológicas e de ponta. Não tem como ter serviços decentes. Não basta mais saber “mal-e-mal” escrever e fazer as quatro operações. Temos um atraso de décadas em qualificação profissional.
Mas não é impossível resolver. Países como a Coreia do Sul,por exemplo,  com uma população e uma economia compatíveis com a brasileira, deu um salto gigantesco na área do ensino e é hoje uma nação de ponta no mundo. Conheci alguns educadores coreanos estes tempos. Gente séria, comprometida, e que se assustou com nossa realidade e nossos números ridículos.
 Por isso, acredito que a contratação dos secretários “estrangeiros” foi uma cartada de João D´Homero em busca de uma reviravolta no ensino, de uma arejada na secretaria. Intenções boas numa área que nunca foi levada muito à sério. No entanto, o caldo desandou. Por quê?
Não tenho condições de afirmar daqui, mas pelo que li nos blogs a atuação dos secretários não foi politica, e compraram rapidamente muitas brigas corporativas. A coisa ficou insustentável e, ao fim, tudo voltou atrás. Com a nomeação da nova secretária, Lucicléia Lopes, a prefeitura dá uma nova largada na corrida do ensino.
Conheço Lucicléia de infância. E desejo a ela toda a sorte do mundo nessa empreitada. É preciso destravar o ensino, melhorar a carreira do magistério para atrair pessoas qualificadas para esta área. É preciso ter métodos inovadores de ensino, é preciso tanta coisa... A nova secretária, sendo professora, com certeza tem uma boa noção destes problemas e saberá dar conta de sua nada fácil tarefa.
Por outro lado, no calor dos debates, vi muitos comentários pedindo soluções “caseiras” para a crise, ou seja, que os auxiliares da prefeitura fossem somente capelistas da gema. Bobagem ou má intenção. Antonina no passado foi grande porque soube receber pessoas de fora, principalmente as competentes e talentosas. Temos que deixar a inveja provinciana de lado se quisermos um futuro, qualquer futuro.
A única coisa a cuidar com políticas atração de cérebros  é fazer com que se atraiam pessoas que, realmente inteligentes, não cheguem botando banca, com posturas arrogantes e autoritárias. Isso já tem demais, está lotado, pra gente ignorante e boçal não tem vaga mesmo. Precisamos sim (o Brasil e Antonina) de mais e melhores cérebros. Na falta de “genteware” com pé no lodo, temos sim que nos valer de competências de além do rio Sapitanduva, por que não? Nossas crianças agradecem. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

ESSE CARA SOU EU

Eu mesmo por dentro, em imagens tomográficas; e mais não digo, por pudor  de tão íntima visão...


Lá se foi o mês de março. Mês grande, imenso como Minas, longo pra atravessar como congestionamento pra praia em dia de feriadão. E eu aqui, em recuperação depois do acidente e de uma cirurgia e da fisioterapia para meu cotovelo esquerdo.
Antes que me perguntem: estava numa trilha em Minas Gerais, num trabalho de campo com os alunos. Achamos uma cachoeirinha, pequenininha e bonitinha. Tinha até um arco-íris nela, a sacana da cachoeira. Comecei a andar ao redor dela por entre as pedras procurando boas amostras do tal do quartzito que estávamos mapeando e, zás! Num átimo, como se diz na má literatura, escorreguei e caí. Um limozinho de nada em cima da pedra, que nem musgo tinha. Cai de cara na pedra feito uma bola de tênis jogada no chão.
Ainda tive que, sangrando pelo nariz, e com a ajuda dos alunos, caminhar uns 2 quilômetros para fora da trilha, ainda meio tonto e com muita dor. Chegamos à estrada, onde meus colegas nos buscaram de Kombi. Fui pro hospital, mas o pobre hospital da pobre cidadezinha de Carrancas não podia fazer melhor do que fez: me deram uma injeção de um analgésico forte e me mandaram procurar meu caminho.
Voltei pra Campinas, onde fomos pro HC da Unicamp. Depois de horas ali, esperando os residentes passando e vendo os horrores de um pronto-socorro numa sexta feira à noite, fui atendido pelo Dr. Alberto Terrível e pelo Dr. Antônio Lembrança. É verdade! Era o nome dos dois residentes que me atenderam! Diagnóstico: “fratura cominutiva da cabeça do rádio com extensão intra-articular” e “fratura na maxila esquerda e órbita esquerda”.
Depois de uma semana em casa com tala no braço e gelo na cara o tempo todo, fui fazer a tal da “plástica”. Ir pra cirurgia numa maca, olhando as luzes do teto passando por você parece cena de filme. De terror. Quando os médicos disseram que iam cortar na altura do olho, eu olhei pra eles com cara de “tenham piedade” e pedi anestesia dupla, sem gelo. Acordei meio zonzo, e zonzo recebi alta. Foi um alivio ficar longe do hospital.
No começo, eu não existia: era uma cara inchada e disforme, um olho lá no fundo, pequenininho e vermelho, fios de pontos de operação dentro da boca, nos olhos, o diabo. Remédios, remédios, remédios. Minha boca ficava com aquele gosto de pílula de remédio que enrosca  na garganta e nem um nem dois copos d´água conseguem faze-la descer.
No imediato pós-operatório, era tudo muito ruim. Não conseguia fazer nada, nem ler meu jornalzinho de manhã. Comida pastosa. Remédios, remédio, remédio. Hoje, o olho já desinchou, os pontos do olho foram retirados, os de dentro da boca caíram. Tirei a tala do braço e faço fisioterapia uma vez por dia, e ainda tenho bateladas de médicos pra visitar. Essa tem sido minha rotina no ultimo mês.
Ontem, só ontem , vi as imagens da tomografia que fiz, ainda na emergência do HC. Fiquei um tempo olhando praquela caveira até ter consciência de que aquela caveira era eu. Sou eu! Foi um momento meio hamletiano, mas com minha própria caveira: ser ou não ser? Confesso que é muito difícil olhar de frente pra sua própria caveira, ainda mais sabendo que estou melhorando, em breve saio da licença médica e volto para minha vida normal. Inclusive pra voltar a fazer trabalho de campo e tomar banho de cachoeira.
Mas a imagem da caveira está ali, a danada, a me dizer que vou ter muita coisa pra pensar na hora em que voltar ao meu trabalho e ter que pular as (muitas) pedras que tem no meio do meu caminho. Agora, com uma placa de titânio-carbono na cara pra me lembrar que tenho que tomar mais cuidado com quartzitos com limo.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

ANTONINA EM ABRIL!


01/04/1917    Inaugurado o Moinho Matarazzo

03/04/1873    Criada a Comarca de Antonina e Morretes

04/04/1934    Fundado o Club Ypiranga

17/04/1958    Inaugurado o prédio da Capitania dos Portos

20/04/1900    Falecia, na Lapa, o Padre Pinto (Francisco da Costa Pinto)

22/04/1888   Falecia, em Palmeira, o Comendador Antônio Alves Araújo (político, industrial, duas vezes presidente da província)

26/04/1935   Falecia, em Curitiba, Teófilo Soares Gomes

28/04/1914   Nascia, em Penedo-AL, Aguinaldo Vieira da Silva (Profeta) 

(elaboração:Celso Meira)


PS - devagar, ainda  sob cuidados médicos, estou     voltando ....