quinta-feira, 14 de julho de 2011

RUFUS AUTOFAGUS

 (a Paleontologia Imaginária é um ramo da Paleontologia que trata de animais incertos; é um ramo do conhecimento que faz fronteiras com a paleontologia, a geografia, a física molecular, a psicologia e com a Transilvânia. Como membro da Sociedade Brasileira de Paleontologia Imaginária (SBPI) e colaborador da South American Review of Imaginary Paleontology, periódico classe A1 da CAPES, venho através deste blog trazer algumas novidades da Palentologia Imaginária para o publico leigo)



Uma das mais controversas questões paleontológicas de todos os tempos foi, sem dúvida, a discussão sobre o rufus autofagus. Pra começo de conversa, as evidências sobre esta espécie são muito difíceis de ser encontradas. Os primeiros exemplares conhecidos vieram do carbonífero da Mongólia. Em geral, os espécimes encontrados são esqueletos mutilados, onde pedaços de membros superiores e inferiores, bem como a cauda, se encontram esmigalhados ou desaparecidos. Inicialmente, acreditava-se que essas mutilações eram devidas a predadores naturais da espécie. Pelo esqueleto, inicialmente pensou-se que seria um anfíbio apodo, uma vez que os membros encontravam-se tão mutilados que era impossível perceber ramificações de membros inferiores ou superiores. Imaginou-se, a principio, que o rufus autofagus poderia ser uma espécie intermediaria, numa linha evolutiva entre a cobra-d’água e a salamandra. Num congresso realizado em Perm, nos Urais, foi proposto o nome rufus semiapodus pelo insigne paleontólogo russo AV Vassili (Vassili, 1904), baseado principalmente em seus espécimes coletados na Mongólia.
A grande revolução ocorreu no congresso de Paleontologia Imaginária de Paris, quando Abou-Bekhar (Abou-Bekhar, 1938) apresentou um espécime coletado no Cazaquistão onde se via claramente um animal quadrúpede engolindo o próprio rabo. Depois de muitas discussões, um congresso realizado em Cartagena, na Colômbia, estabeleceu oficialmente o nome rufus autofagus para este fóssil. Desde então, muitos exemplares tem sido achados e sabe-se que sua distribuição geográfica era muito mais extensa do que a principio se imaginava. O rufus autofagus foi descrito no permiano do Kansas, e em camadas triássicas da Alemanha. Parece ter tido uma larga distribuição geográfica por todo o Pangea, desde o carbonífero até o triássico.

Por ocasião do Congresso Paleontológico de Paris, em 1938, o rufus autofagus chamou a atenção de ninguém menos que Carl Gustav Jung. Jung, num dos seus poucos escritos relacionados com a paleontologia (Jung, 1943), chamou a atenção pelo fato do rufus autofagus já ter sido representado em manifestações simbólicas antigas, como o uróboro, ou a serpente que engolia a própria cauda. Para os gregos, isso significava o principio do eterno retorno, tendo significações simbólicas profundas na psiquê ocidental.

Hoje se sabe que os rufus autofagus conseguiam sobreviver em condições de extrema escassez, substituindo sua dieta essencial por pedaços de seu próprio corpo, em geral a cauda e os membros inferiores. Mas há evidências de que alguns espécimes poderiam ter ido além desse auto canibalismo, e se autodevorado completamente, como relatado por Aparício Fernandez no Congresso Paleontológico Imaginário de Vina Del Mar em 1988 (Fernandez, 1988). É possível que, com a evolução da espécie, ela tenha se dedicado a se devorar como uma forma de sobrevivência e que isso se tornou sua principal fonte de alimento no começo do mesozóico. Com essa excessiva especialização, não é de se espantar que uma espécie que se prede a si mesma acabe se extinguindo. 

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