segunda-feira, 29 de agosto de 2011

NI UN MUERTO MÁS!

No tradicional e boemio bairro de Coyoacán, na cidade do México, um protesto contra a onda de violencia no pais. Coyoacán, que quer dizer "os lobos" no idioma nahuatl, era o bairro bicho-grilo onde moravam Frida kahlo, Diego Rivera e, também, Leon Trostsky.

sábado, 27 de agosto de 2011

ARRIBA, MUCHACHO!!

Estou abduzido estes tempos, em função de minhas atividades didáticas e dos preparativos de uma viagem; Estou indo apresentar um trabalho na Cidade do México...se der eu posto alguma coisa de lá

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

SAMPA

O Pico do Jaraguá, ponto culminante da Panaméricas-de-Africas-Utópicas-Túmulo-do-samba-o-mais-possivel-quilombo-de-zumbi, bem no fim da tarde

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

DARDANELOS

A cachoeira de Dardanelos em Aripuanã (MT) em 2006, antes da Usina Hidroelétrica...

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O ABUSO DO ABUSO

(Mais um crônica antiga, publicada no Bacucu com Farinha  - aqui, com os comentários publicados à época - em novembro de 2008 ; Querido Neutinho, será que esse absurdo continua na Deitada-a-beira-do-mar?)

Uma das coisas mais repugnantes que existem é o abuso sexual de crianças e adolescentes. Por noticias que tive de amigos, o problema em Antonina, que sempre existiu, está atingindo proporções alarmantes. Miséria, falta de educação, de perspectivas de vida, tudo contribui para ambiente no qual o abuso vai ocorrer. O que, é claro, que não impede que o abuso ocorra em situações diferentes, e mesmo em famílias abastadas. Nestes casos é praticamente impossível punir os abusadores, uma vez que a própria família, por medo ou vergonha, acaba por proteger o abusador.

Segundo as pessoas que trabalham com vítimas de abuso sexual, o ato em si não é tudo: o pior e mais execrável é a seqüela psicológica. O abusado jamais se perdoa - ele se culpa e destrói tudo que vier pra fazê-lo feliz. É um ser humano incompleto. Por isso são vitimas fáceis da bebida, da droga, da prostituição.

Alem do abuso que ocorre dentro de casa, existem em Antonina grupos “organizados’ para perpetrar estas barbaridades. Em nossa orla, existem muitas pessoas que já vêm de Curitiba preparadas. Com doces, balas, pequenas quantias em dinheiro, as crianças são facilmente atraídas para as suas pocilgas. Os malacos levam muita bebida,vão sem as famílias. O processo se inicia com a criança se oferecendo pra varrer,limpar. Elas vão, depois se submetem, fazem os favores por 5 reais.

Os pais sabem do abuso não querem que ninguém se meta. Por vergonha, ou mesmo por receber vantagens (que vantagens, meu Deus?) nesse horrível comércio, quem deveria zelar se omite, e mesmo protege os abusadores. Por isso o Conselho Tutelar é inoperante na maior parte destes casos.

Esse é o caldo de cultura em que prolifera a prostituição infantil e juvenil, tanto de meninas quanto de meninos. Uma cultura onde a gravidez precoce é cada vez mais comum. Onde as drogas, principalmente as drogas baratas, como o crack, vicejam e se espalham como incêndio em capim seco, incontrolável. Onde pessoas como eu, você, nossos filhos ou netos, são arrastadas para o ralo, para a máquina de moer da sociedade, sem nenhuma chance de defesa. Pior, sem nenhuma piedade.

O que fazer? Tudo, ou quase nada. Participar como voluntário das ações do Conselho Tutelar ou da Pastoral da Criança, como tantos abnegados já vem fazendo há muitos anos. Criar novas oportunidades para estas crianças, através da arte ou do esporte, como o exemplo de Nite, publicado aqui no Bacucú com Farinha. Devemos denunciar as ações que levam ao abuso. Cobrar das instituições e autoridades políticas públicas de inserção social para as populações mais carentes. Punir a corrupção e os corruptos. Cobrar educação, educação, educação e educação. Só ela nos salva. Educação de qualidade para nossas crianças. E me perdoem o clichê, mas salvar o futuro de uma criança vale um passaporte para o paraíso. Onde quer que o paraíso esteja. Tomara que seja neste mundo mesmo, ali na Deitada-a-beira-do-mar....










segunda-feira, 15 de agosto de 2011

VIVA N. S. DO PILAR!!

(CANÇÃO DO EXÍLIO)


Palmas pulmões Palmares
minha terra não sabia,
o que se planta se dá:
arroz, feijão e pitanga
as aves que aqui gorjeiam
terreiros de saravá

Os poetas de minha terra
são cambistas, motoristas
declamando ditirambos
em torres de ametista
(os frutos podres das árvores
pedem pelo sabiá)


Palmas pulmões Palmares
em cismar sozinho à noite
(vontade de me casar!)
minha terra tem capela
lá no alto da colina
Da Senhora do Pilar

(1999)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SEM PERDER A TERNURA JAMAIS


Eis que chega, a galope, o segundo domingo de agosto. Depois do dia das mães, do dia dos namorados e antes do dia das crianças, vem o famigerado dia dos pais. É uma data complicada, bem no meio do ano, num mês de cinco semanas, trinta e um dias e, pra piorar, mês de cachorro louco. Foi o mês do suicídio de Getulio e da renuncia de Jânio. Mês brabo, traiçoeiro. Em Antonina, é uma neblina só. Às vezes, que me lembro, limpava o tempo lá pelas duas da tarde. Lembro meu querido professor Zezo, aliás uma das maiores figuras de minha vida, que brincava quando via que a gente não tinha entendido a formula de báskara ou outra equação qualquer: “Tá com cara de neblina de agosto!”.

Quando eu ligava pro meu pai pra felicitá-lo pelo dia, este sempre me devolvia, debochado: “dia dos pais é todo dia!”. Mas não ligasse pra ver a encrenca que dava! Já comentei diversas vezes o quanto não entendia meu pai, e o quanto mais o entendi quanto mais fundo entrei neste estranho ramo, o da paternidade. Em primeiro lugar, pai é básico. Tem que falar o mais simples, o mais direto, o mais chato. Não interessa se você gosta ou não, o pai tem que dizer e você têm que ouvir. Faz parte, como diria o filósofo.

Meu pai tinha um jeito meio distante de nos tratar. Guardava certa formalidade, certa rispidez, um jeito meio sem jeito. Quando virei pai, me descobri também um pouco assim, formal e distante. Sim, a fruta nunca cai longe do pé. Não exigia que meus filhos me chamassem de Senhor e não de você, como meu pai exigia. Mas faltava algo, faltava um elo, e aquilo me incomodava. Demorei pra entender que meu pai era tão tímido e reservado quanto eu, e que o jeito distante e sem carinho era só o jeito dele, não era falta de amor. Era um amor simples, de pai amoroso e meio sem jeito de demonstrar o amor incondicional que ele nos devotava.

Alem de meu pai, sempre tive outras grandes figuras masculinas em minha vida, às quais também devo muito de minha maneira de ser e pensar (embora o que eu pense e faça, principalmente o que faço de torto e de errado na vida não tenha nada a ver com nenhum deles). O professor Zezo foi um deles. Meu avô materno, Seu Otavio Lima. Meus tios Edilson Leal, Edmilson Dahle, Fausto Lima, Milton Picanço... a lista é grande e eu paro por aqui, certo de ter cometido alguma injustiça com muitos que não citei.

Por outro lado, agora um profissional do ramo – em setembro deste ano faz 21 anos que eu entrei na função paterna – eu acho que tive alguns acertos, entre os muitos erros que a gente sempre comete, incondicionalmente. E admiro alguns amigos que são pais, confesso que sempre procuro imitar o que aprendo. Meu amigo Eduardo Pasko, grande geólogo hoje trabalhando no Tocantins, é um desses. Eu admirava – e invejava, por que não? – a facilidade que ele tinha (e tem) em conversar com os três filhos, em mostrar claramente o que ele queria, o que ele estava sentindo. Era pai e também era amigo, de um jeito que só se entende vendo, e que só se aprende fazendo. Por outro lado, eu sentia nos filhos dele pessoas que cresciam bem, amparadas e protegidas, nem que fosse só emocionalmente. Apesar de não conhecer pessoalmente o Cequinel, inenarrável impagável e imprestável diretor presidente das organizações Ornitorrinco, vejo nas suas manifestações na gloriosa blogosfera capelista um pouco desse desassombro de criar gente neste mundo às vezes tão bom, às vezes tão cruel e intolerante.

Por que é isso: aquelas criaturinhas bonitinhas, fofinhas e engraçadinhas crescem, criam espinhas, encorpam e vão viver suas vidas. Vidas que não pertencem a mais ninguém, eles estão sozinhos no mundo, assim como nós e nossos pais também estivemos até hoje. Filhos vêm sem manual do fabricante, são uma aventura ingrata e inglória, sem nenhuma recompensa a não ser a vida mesmo, os gens ali, se replicando, sem explicação maior. Não há explicação maior para a vida, pelo menos eu acredito nisso. Ser pai é ser duro, mas sem jamais perder a ternura, como diria o Che, ele mesmo um pai ausente, mas presente aos seus próprios filhos em termos de exemplo e carinhosa lembrança.




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

TIPOS DE RUA OU CONHECIDOS POR APELIDOS

(meu avô, Maneco Picanço (1904-1968) tinha um diário onde anotava causos e eventos do cotidano da cidade; se tivesse conhecido a internet, "seu" Maneco teria sido blogueiro....)

João das Velhas, Manequinho Louco,Betara, Mané Alegria, Lisandro Corvo, João das Couve, Mandechuria, Benedito Maluco, Picangó, Cafuruçá, Gegé Rapoza, Família Rapoza, Manoel Flauta, Benedito Jacaré, Arrasta a Sandalia, Turco Secco, Chico Nhenhein, Piloto, Barreano, Corisco,Trovoada, Imediato, Jajá, Shazan, Mel Quitão(?), Mané Diabo, Prisciliano Páo

(NE – Esta lista contém alguns dos apelidos curiosos que nós bagrinhos cultivamos, e que foram anotados por Seu Maneco nos anos 1950; existem muitos mais, claro. Estou fazendo uma pesquisa para publicar os diários completos de seu Maneco, e agradeceria se alguém tiver alguma informação biográfica sobre as pessoas citadas; podem me mandar aqui nos comentários ou para meu email: jeffpicanco@yahoo.com; abraços a todos)

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

GUARDA-TE LÁ


O Canyon do Guartelá em abril deste ano; o nome, segundo os guias do parque, vem de um recado de um fazendeiro, que estava cercado pelos indios Kaingang  a outro, que lhe perguntou se precisava de ajuda: "Guarda-te lá que aqui estou bem".



terça-feira, 9 de agosto de 2011

VAI UMA BALINHA AÍ?

(esta é uma crônica antiga, de novembro de 2008, publicada no Bacucu com Farinha (ver aqui), de meu inoxidável amigo Neuton Pires)

Ao chegar a Antonina, eu sempre reparo, logo na entrada, na alegria do bairro do Batel: as pessoas a pé, de bicicleta, andando de lá pra cá e conversando, alegremente, nas igrejas, nos botecos, nas casas. Pra quem vem de Curitiba, todos sabem, isso faz diferença. Significa: estou em casa.

Quando estou longe, no entanto, eu quero guardar algo dessa alegria comigo. Para tanto, recorro às lembranças dos amigos, da infância, dos momentos bons. Passo tempo lembrando coisas, olhando fotos velhas, lendo e rabiscando, olhando os blogs capelistas, como diz o “vox populi”.

Existe, porem, outra coisa que me diz disso tudo sem ser velho ou saudosista. São as nossas gloriosas balas de banana. Existe a Bala Antonina, assim como existe a Bala Pilar, que recentemente perdeu o direito de usar a marca para um concorrente mineiro. Virou Bala Polar, mas continua igualmente doce. Doces recordações de uma atmosfera mágica de infância, a se dissolver lentamente na boca. Antigamente se dizia que quem bebia da água da Fonte da Laranjeira nunca mais se esquecia de Antonina. Hoje, as Balas Antonina cumprem esse papel magistralmente.

Certo dia estava em Belo Horizonte, no escritório central da empresa onde trabalho, e levei um pacote de balas de banana. Do diretor-presidente à faxineira, criei uma legião de fãs da bala de banana. “É da minha terra”, explicava. “Lê o nome ali no rótulo”. Passei o resto do dia com pessoas vindo á minha sala: “tem mais daquela bala gostosa aí?”.

Uma visita básica ao google, e descubro mais: milhares de entradas para “balas de banana antonina”. Muitas, mas muitas vezes, as balas geram singelas declarações de amor. Para Ivan Sebben, estudante de jornalismo da UFPR, em seu blog, durante o festival de inverno, “o carisma da pequena açucarada logo se fez notar em incontáveis pequenas embalagens ao léu. De repente, fulano ia escrever, e esbarrava a mão em algo. Era ela, miúda e sapeca, escondida debaixo do papel, uma bala de banana!”. Em outro blog, o rapaz guardava no bolso uma bala de banana pra presentear a namorada. Enfim, em todas as histórias lá estava ela, miúda, a desnudar carinhos, a espalhar doces prazeres.

Em outra entrada do google, descobrimos que as Balas de Banana Antonina foram criadas em 1975 pra substituir a declinante produção de palmito. Soubemos que as balas de banana são feitas com bananas caturra selecionadas, plantadas na sombra para evitar pragas. Que o processo é inteiramente artesanal, entrando somente a banana e o açúcar. Que em Morretes também tem... hummm...não, Morretes não tem Bala de Banana Antonina!!

Em tempos de globalização, sugiro que o processo de fabricação das balas de banana seja registrado como os da União Européia, que gerou as marcas do vinho, do queijo, do champanhe. O vinho Bourdeaux (pronuncia-se bordô) é somente o vinho produzido na região de Bourdeaux, segundo os métodos registrados. O champanhe é a bebida fabricada na região da Champagne, e os demais serão considerados meros espumantes. “Balas de Banana de Antonina” são as balas feitas na região de Antonina segundo o método tal e qual.

Que orgulho! E que prazer! Vai uma balinha aí?

(PS - Aqui em Campinas, o pessoal tem me cobrado: "pô, você não traz mais as balas de tua terra"...é, preciso dar um pulinho ai, moçada!!)

domingo, 7 de agosto de 2011

ANTONINA ANTIGA - III


Até o final dos anos 1960, esse era o portal da Estrada da Graciosa. Para os bagrinhos, que tantas e tantas gerações lutaram para que a estreita e tortuosa estrada para o planalto fosse o caminho – o único! – para a capital, esse marco significa antes de mais nada, um marco zero. A Estrada da Graciosa era o principal trunfo dos primitivos capelistas em favor de seu porto, que distava, pela Graciosa, somente 80 km da capital. Por Paranaguá, o caminho por terra era de 120 km.

Quando D. Pedro II definiu, em sua visita a Antonina (ver aqui), que a estrada de ferro seria construída por Paranaguá, foi uma ducha de água fria nos ânimos capelistas. A concessão do ramal Morretes-Antonina foi tardia – havíamos perdido a guerra dos portos no tempo do Império.

Nos anos 1930, no auge de nosso porto, foi encampada uma luta pela desequiparação dos fretes ferroviários. Em 1938, durante a visita de um ministro dos transportes do governo varguista, os antoninenses protestaram – e conseguiram por um breve período – que os fretes antoninenses não tivessem a concorrência desleal dos subsídios dados aos fretes parnanguaras. Mas foi só. Dos anos 50 pra cá, Paranaguá só cresceu enquanto Antonina minguava.

Esta foto, de idade incerta, mas provavelmente dos anos 1950 ou 1960, mostra o monumento tal como era antigamente, na entrada da cidade, praticamente em frente ao atual hospital Silvio Linhares. Foi removido na gestão modernizante do Dr Romildo Gonçalves Pereira, e colocado lá perto do “Guapê”, então a entrada da cidade. Lembro que meu pai protestou contra a remoção do monumento. Era, segundo ele, uma descaracterização da cidade e de sua história. No lugar onde se encontrava, foi colocada uma placa de bronze e alguns azulejos – não sei se a placa ainda está no lugar ou se foi removida.

Por um lado, olhando de hoje, acho que era necessária a remoção ou remodelação do Portal – a cidade cresceu e veículos maiores não passariam por ali. Creio que foi essa a intenção do Dr Romildo, cuja gestão se caracterizou, entre outras, pela demolição do antigo mercado e pela construção da atual rodoviária. Foi nesse momento, aliás, que ele e meu pai brigaram. Meu pai não via sentido em tanta demolição, e eu acho que ele também tinha razão. Não se moderniza apagando o passado, e existiam - e existem - outras alernativas para a conservaçao de monumentos. Sem contar que o Portal é turístico e charmoso, na entrada da cidade.

Por outro lado, é inegável que as cidades crescem: também a antiga Constantinopla, atual Istambul, superou suas muralhas por duas vezes. A diferença é que se você for ver a muralha construída por Constantino no seculo IV d.C. ela ainda está lá - em ruínas, mas está. Nosso progresso, embora necessário, é feito de maneira estúpida, destruindo o passado pra construir o futuro, mas que futuro? A nossa atual rodoviária é hoje um monumento ao nada, é um estorvo sem nenhuma beleza nem eficiência. O mercado construído nos anos 70 foi destruído e reconstruído de novo, numa obra que levou anos pra ser terminada. O que o atual mercado contribui para nossa história e para a nossa bela paisagem?

Voltemos à nossa foto. A foto em questão foi tirada num fim de tarde, e num belo dia de sol. O Morro do Feiticeiro, lá atrás, sem nuvens, nos dá garantia disso. Pelos postes de luz, parece ser coisa dos anos 50 ou 60. No centro do portal e da foto, um menino – quem seria? – posa comportado, com as mãos para trás. O calçamento parece que não existe, e a grama – ou o mato mesmo – crescem na coluna à nossa direita. As colunas do portal, com uma decoração geométrica bem simples, estão aparentemente pichadas com símbolos de notas musicais.

O Portal da Graciosa surge na foto como um guardião de uma cidade branca e radiante por trás dele, numa perspectiva simples, mas, com o perdão do trocadilho, graciosa. No entanto, sabemos que hoje essa cidade graciosa por trás do portal não existe mais. Existem outras cidades, outras Antoninas, umas melhores e outras piores, mas todas cheias de uma gente tão alegre e hospitaleira que o coração da gente se enche de paz e inspiração.

sábado, 6 de agosto de 2011

TEMPESTADES


Van Ruisdael, "The tempest"

Em Janeiro de 1846, Vieira dos Santos, na "Memória Histórica de Morretes" descreve outro grande Desastre Natural na região, segundo ele provocada por ventos de Leste. Houve inundação em Morretes e grandes deslizamentos de terra na Serra do Mar,destruindo pontes e estradas. Já temos, portanto, duas citações destes Desastres nos no séculos XVIII e XIX (ver aqui no blog). E no século XX, alguem registrou algo parecido? com voces, o texto de Vieira dos Santos, na grafia original:

"Nos dias 28, 29 e 30 de Janeiro tendo havido copiôzas chuvas sem çessar de dia e de noite em tão grande cópia, e tangidas por fortes ventos Leste e mormente contra as altas Serras, cujas torrentes aglomerando se no grande rio Cubatão [Nhundiaquara], fizerão elevar a corrente de suas agoas a mais de 25 palmos de altura, e foi memorada esta grande cheia como hum segundo Dilúvio nunca acontecido desde o primeiro em 1796. Esta grande enchente sahindo da madre natural do Rio cobrio todas as várzeas lateraes do mesmo, no local desta Villa todas as ruas ficarão inundadas e em alguas a agoa chegou até meios edefiçios, a môr parte dos habitantes se forão acolher ao alto da Igreja e nella procurar abrigo, e outras, em alguas Cazas mais altas ao nível das ruas, nas noites de 20 [29?] e 30 cauzou terror aos habitantes estas grandes massas dagoas despenhando se das altas Serras fez desabar pedaços das mesmas montanhas, e principal na estradas de Coritiba e do Arraial; fes demolir todas as pontes, e te a que atravessa a do ribeirão no meio da Villa, arruinarão se alguns edeficios, houverão grandes avarias no gêneros Commerciaes depositados nos Armazéns e Agricultura sofreo grandes estragos em suas lavouras: esta enchente inda durou mais dois ou três dias em sua vazante te ficarem as agoas no seu curso natural. "

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

DE BAGRES SE FAZ A CRÔNICA

Diz-se por ai que a crônica é um gênero literário leve, despretensioso e menor. É verdade e não é, acredito eu. Alguns, os mestres do gênero, faziam da crônica até a não crônica. Rubem Braga, por exemplo. Ele ia desenvolvendo um assunto como não queria nada – às vezes não queria mesmo! – escrevia, colocava uma flor aqui, um livro ali, uma observação acolá, e um final que nos deixava boquiabertos: havia nos enrolado direitinho, nos fazendo ler até o fim aquele monte de nadas que ele ia tecendo com sua Remington, tipo por tipo. Genial. Outros que adoro: adoro ler o Cony e o Ruy Castro, na Folha, assim como adoro ler o Veríssimo, um craque do gênero.

Antigamente, tinha o Carlos Drummond de Andrade, que riqueza! Tinha também o Lourenço Diaféria, no Estadão. Adorava ler o Mauro Santayanna, que escrevia antigamente na folha de São Paulo. Tempos atrás, tive a oportunidade de dizer isso pessoalmente a ele, num avião que pegamos de Brasília para BH. No começo ele até ficou assustado com meu assédio, depois abriu um sorriso simpático e me deu um aperto de mão. Ganhei meu dia.

E os cronistas políticos? Lia sempre, sem entender nada, o Carlos Castelo Branco, o Claudio Abramo, e outros. Quando era bom, lia o texto do cara, mesmo não concordando com ele. Era o caso do Paulo Francis, que adorávamos odiar. Cuidado com ex-trotskistas, como disse estes tempos Daulo Toberto Nequinel, da boquirrota Ornitorrinco Corporation, ele mesmo se definindo um trotskista moderado (Que quer dizer isso mesmo, Gequinel?). Bom, como já dizia, cuidado com ex-trostskistas. Eles são capazes de tudo, até escrever certo por linhas erradas. Paulo Francis era um desses.

Na crônica esportiva, adorava, na Gazeta Do Povo, o Carneiro Neto, por razões quase óbvias (aliás, faltam 39 pontos pra alcançar 47 e fugirmos do rebaixamento este ano, moçada!!). Hoje, curto muito o José Roberto Torero e o Xico Sá, da Folha, embora ambos tenham uma paixão clubística por certo piscídeo da Baixada Santista. O Juca Kfuri, com seu sambe de uma nota só contra a corrupção no futebol é leitura obrigatória de quem gosta dos temas de bola no pé.

Quando a blogosfera antoninense surgiu, eu lia com muito interesse os textos do meu querido Nerval Pires, que conheço desde os tempos de guri, quando ele tinha um programa na Rádio. Até hoje, não perco os textos do Bó, nosso decano-mor da blogosfera, conosco desde os tempos do jornalzinho de stencil. Também eram interessantes os textos de nosso querido Guardião Do Portinho. Onde andará nosso cavaleiro solitário? Será que ele foi desalojado na tragédia de março?

Tudo isso pra dizer que estou achando nossa blogosfera, inclusive o Bacucu com Farinha, do indômito Neutinho Pires, e o meu Urublues, um tanto sem sal. Tem cerca de 15 blogs dos mais diversos assuntos e interesses, dos mais diversos matizes ideológicos e religiosos e clubísticos, mas o clima está meio assim-assim, de marasmo, de esperar-como-está-pra-ver-como-fica. Ninguém se arrisca a um movimento, ninguém sai da intermediária. Será que, tirando o incansável Bó, nós outros cansamos? Será que está todo mundo esperando a procissão do dia 15? Será que estão esperando pra definir os candidatos nas eleições do ano que vem?

Bagre que dorme a onda leva...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

DOUTOR PELO REEMBOLSO POSTAL


Certa ocasião na Camara Municipal o vereador Alfredo Jacob, desejando fazer prevalecer a sua personalidade , estando com a palavra, e recebendo diversos apartes, entre os quais do vereador Manoel Picanço, desejando fazer demagogia, respondeu ao aparte, dizendo que ele, formado de acordo com o titulo que possuia, não responderia aos apartes do vereador Picanço, porque este vereador somente servia para ministrar crianças...E o vereador Picanço respondeu...
- "Eu somente sirvo para ministrar crianças, porque não tive a felicidade do nobre colega em receber um titulo de Doutor pelo Reembolso Postal!"