quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A BRINCADEIRA DE ROSIL


Não conheço pessoalmente o Sr Rosil do Pilar, embora visite ocasionalmente seu blog. Em geral não compartilho de suas opiniões, mas as respeito. No entanto ontem, vi em seu blog um pequeno gráfico Excel contendo diversas retas, ascendentes e descendentes que merecem algumas considerações.
No texto situado logo abaixo, há uma citação: “me causa espécie”, seguido de kkkk, a onomatopéia para risadas do internetês. A seguir, o texto nos convida a preencher as lacunas. Mentalmente, é claro. O Sr Rosil, assim como seus leitores, não são bobos e tem senso de humor. Parece uma brincadeira inocente, mas não é.
O gráfico Excel representa o resultado de duas pesquisas eleitorais. Pelo bom humor do Sr Rosil, sua candidata deve estar indo bem. Está tudo muito bom e muito bem, mas falta alguma coisa nessa pesquisa. Falta, aliás, quase tudo.
Não se sabe quem são os candidatos ali figurados a quem o Sr Rosil nos convida a preencher as lacunas. Não se sabe o período. Não se sabe a amostragem, tampouco a segmentação do eleitorado pesquisado.
Acho que não é justa a brincadeira da Planilha sem nome. O senhor Rosil se parece com aqueles caras que aparecem no boteco com uma arma na mão, no caso a pesquisa eleitoral, e diz para os frequentadores do lugar: “Adivinhem se estou armado. Olha, eu posso atirar”. “Quer ver minha arma?”. “Não, não pode ver”, diz ele, causando espécie. “Mas posso atirar, viu?”.
Então atire, Rosil, mostre a pesquisa, inclusive quem pagou por ela. Não existe medo. Como dizem as velhas raposas da politica, pesquisa é somente uma foto do momento. Mostre a pesquisa como ela é: pesquisa eleitoral sem divulgar período, amostragem, margem de erro, segmentação do eleitorado, quem foi que realizou a pesquisa, quem pagou a conta e a mando de quem, tudo isso é regido por lei.
Gostaria de questionar, por exemplo, a margem de erro. Carlos Augusto Montenegro, diretor do IBOPE, afirmou recentemente no programa Rodaviva, da TV Cultura, que preferia fazer uma pesquisa nacional com uma amostragem pequena a uma pesquisa municipal com amostragem grande. Segundo ele, quanto menor o universo amostral mais difícil controlar a margem de erro. Isso é estatístico. Municípios pequenos são mais difíceis de ter pesquisas confiáveis, embora estas possam ser feitas.  
Outra coisa: quem pesquisou os milhares de eleitores (cerca de 30% do eleitorado apto) que não mora em Antonina? Mesmo que esse eleitorado se distribuísse proporcionalmente entre os diferentes candidatos, qual seria seu impacto? Sr Rosil, pesquisa tem muitas variáveis; sem leva-las em conta, números são só números.
Mesmo que não fosse regida por lei, pesquisa é um instrumento cientifico, além de político. Quem a faz estuda muitos anos pra isso, e tem que faze-lo segundo normas e parâmetros claros. Sem os parâmetros que calibram a pesquisa, os números mostrados são só mistificação, enganação, empulhação.  pesquisa por pesquisa não significa nada. É isso, Sr Rosil. Ou mostra a arma e atira, ou então fica quieto no seu canto. Me causa espécie!

Nenhum comentário:

Postar um comentário