segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ADEUS, MUNIRA?


Quando a internet cravou que a apuração das eleições na Deitada-a-beira-do-mar tinha chegado aos 100%, fiquei olhando os dados na tela do computador, ainda sem entender os números. Algo havia mudado. Sem contar a votação de João d´Homero e de Zé Paulo, achei muito interessante a votação de Jeff Fonseca. Esses três são nomes relativamente jovens, pouco “rodados” na politica, e que podem ter ainda um grande futuro pela frente.
E quanto à Munira Peluso? A grande dama da politica antoninense, a musa do populismo tardio, como a ela me referi numa postagem que ficou famosa (aqui), havia recebido 2767 votos dos bagrinhos, ou 22,17% do total. O que isso significa? Será que existe alguma possibilidade eleitoral futura para Munira Peluso ou este é o seu canto do cisne?
Registre-se, por exemplo, que esta é a mais baixa votação proporcional que Munira teve desde sua estréia na política antoninense (ver diagrama abaixo). Hoje, objetivamente, sua retórica recebe aprovação de cerca de um quinto dos eleitores capelistas. Seu filho e herdeiro politico, o advogado Napoleão Peluso Junior, obteve uma digna votação para vereador, tendo ficado em 18º lugar, com 215 votos, o que não foi suficiente para sua eleição.
As votações proporcionais de Munira Peluso com os percentuais de votos válidos recebidos  nas eleições em que participou em Antonina

Dos vereadores de sua chapa, embora sejam campeões de voto, todos tem luz própria na política capelista. Não há muita possibilidade de uma bancada “pelusa” na Câmara Municipal. Alguns têm seu próprio caminho a percorrer, como o vereador Luiz Carlos Polaco, que praticamente repetiu a votação da eleição passada, com cerca de 600 votos. (E o vereador Roberto Fernandes, o Cara-de-relógio, é o novo campeão de votos da Deitada-a-beira-do-mar: alcançou a marca histórica de 687 votos e quebrou a recorde de meu pai, Dodô Picanço, que recebera 640 votos nas eleições de 1972).
Quanto a Munira, percebe-se nestas eleições que ela começou num patamar bastante alto de intenções de voto. Em meados de agosto, sua candidatura iniciou um forte declínio nestas intenções de voto até a votação "real" em 7 de outubro. Acredito que boa parte da votação de Munira se deva à lembrança boa que as pessoas em geral tinham do período que ela governou. Associada à inauguração do Terminal da Ponta do Félix, que acabou por gerar muitos empregos na terrinha, Munira surfou numa conjuntura boa para a cidade mas que pouco teve a ver com sua ação direta.
Por outro lado, o apoio do governador Beto Richa à Munira Peluso não se revelou eficaz. Beto Richa, aliás, foi o grande perdedor destas eleições. Inclusive perdeu na capital, onde seu antigo vice sequer foi para o segundo turno! Uma derrota bastante séria para as pretensões do filho do saudoso José Richa, esse sim um político de respeito. Com a derrota de Luciano Ducci encerra-se na Prefeitura de Curitiba o longo ciclo de governos de centro-direita que governava a capital “leite quente” desde a eleição de Jaime Lerner em 1989. Um fato definitivamente histórico.
Embora as gestões de Munira na prefeitura não tenham sido um completo desastre, também não foram nenhuma obra prima da gestão publica. Com  o forte peso do nepotismo no secretariado, suas ações mais lembradas pela população não foram seus planos de governo, mas sim sua distribuição de cestas básicas. A gestão da Educação foi mais pelos prédios que pela melhoria real do ensino. E as festas públicas, como o carnaval, foram relegadas a uma gestão pobre e sem brilho. O carnaval burocrático dos tempos de Munira Peluso são quase um exemplo de como não fazer.   
Assim, conforme uma postagem que fiz anteriormente, verifica-se que Munira perdeu perdendo (aqui). Não precisou que seus problemas com a aprovação de suas contas e com a lei da ficha limpa influenciassem. Melhor assim.
Não sei se é o fim de seu grupo politico. Mas sua candidatura-sonrisal - que se desfez na chuva da campanha - é um indicio que seu apoio hoje se encontra concentrado num pequeno grupo de eleitores, um quinto do total. Os demais, que a principio votariam em Munira e em seu grupo, perceberam que existiam outras alternativas. A fila da política anda.
Só lamento pelos meus colegas de blogosfera que seguiram a candidatura “pelusa”, principalmente meu querido amigo Neutinho. Estas eleições municipais provaram, Brasil afora, que os eleitores queriam pessoas novas com práticas novas. O pragmatismo eleitoral não foi suficiente para garantir-lhes uma vaga na Câmara Municipal. Uma pena para Antonina e para Neutinho, que tem bagagem e coragem e bem que merecia estar lá. 

4 comentários:

  1. Voce falou Política, não queria dizer Oportulítica em cima do assistencialismo de um povo humilde?

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  2. Meu querido amigo Jeffinho, precisamos marcar urgente aquele estupidamente gelada.., quando vier em Curitiba me ligue, é indispensável esse nosso encontro, preciso te explicar os vários motivos que me levaram a se posicionar desta forma... Um grande abraço e até breve...

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  3. Realmente foi lamentável o Neuton não ter conseguido, ele é capaz e arrojado; quanto a Monica, ela já teve todas as oportunidades para mostrar serviço e deixou muito a desejar.

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