quinta-feira, 2 de julho de 2015

HENRIQUE LAGE E O COMEÇO DO FIM DE ANTONINA

Henrique Lage (1881-1941) e sua esposa, a cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni (1888-1962)

Há exatos 74 anos atrás, falecia no Rio de Janeiro o empresário Henrique Lage. E nós, bagrinhos, o que temos com isso?
Nascido no Rio Henrique Lage foi um dos grandes capitães de indústria do Brasil no inicio do século XX. Nascido no Rio em 14 de março de 1881, era  filho mais velho do comendador Antônio Lage, importante empresário e dono de diversos negócios nas áreas de carvão, estivas e pequenas embarcações, além de um estaleiro para consertos navais. Com o advento da Republica diversas empresas de navegação estrangeiras foram nacionalizadas. Comprando o acervo da Norton- Megaw & Co, Antônio Lage fundou, em parceria com Luiz Augusto Ferreira de Almeida, a Companhia Nacional de Navegação Costeira, que foi durante muito tempo a principal empresa de navegação do país.
A Costeira, como era conhecida, ficou famosa por seus navios, os quais começavam todos com o nome Ita. A marca ficou tão importante que ITA passou a quase ser sinônimo de navio. Quem não se lembra do grande sucesso de Dorival Caymmi nos anos 40/50, “peguei um Ita no norte”?
Henrique Lage formou-se em engenharia Naval nos Estados Unidos, em 1909. Juntamente com seus irmãos, sucedendo o pai na direção da Lage e irmãos – que ficou conhecida como o Império Lage – Henrique Lage foi um empresário incrivelmente dinâmico. Aproveitou a onda de substituição de importações durante a 1ª Guerra Mundial e ganhou muito dinheiro vendendo navios, que fabricava no seu estaleiro na ilha do Vianna, em Niterói, e carvão, com o porto de Imbituba, em Santa Catarina. Também fundou a primeira refinaria de sal brasileira, que consagrou a marca "sal Ita". Foi também pioneiro da indústria da aviação, com a construção de aviões de pequeno porte no Brasil.
Empresário nacionalista, Henrique Lage se orgulhava de fabricar no Brasil navios e aviões, com poucos componentes importados. Seu período de maior crescimento e atividade foram os anos 20. Nos anos 30 teve algumas dificuldades econômicas, mas consegui manter o grupo.
Em Antonina Henrique Lage tentou realizar projetos de uma siderúrgica, para atender seus projetos navais na ilha do Vianna, em Niterói. Contudo, seu vinculo com a cidade estava principalmente em suas companhias de navegação, o Lloyd Nacional e a Costeira, que faziam a navegação de cabotagem e integravam a Deitada-a-beira-do-mar ao circuito da produção nacional.
Entretanto, a navegação de cabotagem estava com problemas, e dependia em muito de subsídios governamentais. Em 1941, a Comissão de Marinha Mercante suspende as subvenções pagas às empresas de navegação. A Costeira e o Lloyd sofrem o baque e tem sérios problemas financeiros. Como compensação, o Governo Vargas primeiro concede empréstimos a companhia.
Quando Henrique Lage morre, em 2 de julho de 1941, o Governo vai tomando conta da companhia, que é reestruturada. Sua viúva, a cantora lírica italiana Gabriella Besanzoni, é afastada da direção das empresas, sob o pretexto de não ser brasileira. Em setembro de 1942, com a declaração de guerra as nações do eixo, as companhias são nacionalizadas.
Em Antonina, dependente da navegação costeira, o baque é tremendo. Para evitar a crise, os famosos quatro escoteiros são mandados ao Rio com uma carta onde pedem a reabertura dos escritórios do Lloyd Nacional e da Costeira na cidade. Essa parte do filme já vimos.
Henrique Lage foi um industrial que conseguiu fazer multiplicar as organizações  que recebera de herança, fazendo do tripé carvão, navio e ferro o eixo de seus negócios. Trata-se de um empresário arrojado e obstinado, que não temia fazer altas apostas. No entanto, apesar de suas boas relações com Getúlio Vargas, o estado novo por fim engole o Império Lage.
Hoje seu nome é lembrado no Rio com o Parque Lage, antiga propriedade sua ao pé do morro do Corcovado. Em São Paulo, A REVAP, ou refinaria do Vale do Paraíba, em São José dos Campos, também é conhecida como Refinaria Henrique Lage.

Antonina? Antonina fica a ver navios... 

5 comentários:

  1. Respostas
    1. Obrigado, Edson...De Historia mesmo, isto é só um tiquim, como dizem os mineiros...

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  2. Conhecimento nunca é de mais. Principalmente qdo a fonte é segura. História da nossa cidade! Muito bom.

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  3. Perfeito como sempre meu querido amigo...

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  4. Para as novas gerações conhecerem um pouco da nossa história recente.

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