domingo, 12 de junho de 2016

NAPOLES NÃO É PARA PRINCIPIANTES

Piazza del Plebiscito, Napoli

Cesar e Napoleão cruzaram os Alpes uma vez. Eu e Zezinha, de uma maneira mais simples e banal, cruzamos os Alpes duas vezes ontem. A primeira, vindo do Brasil em direção a Munique, na Alemanha. Lá demoramos um tempo no aeroporto e pegamos outro avião para Napoli, aonde chegamos ao fim da tarde. Foi quando cruzamos os Alpes pela segunda vez. O tempo nublado não nos permitiu ver nada além das verdes campinas da Baviera e dos rudes penhascos próximos de Napoli.
O aeroporto de Nápoles é bem simples e meio velhinho, e me lembrou do antigo Santa Genoveva de Goiânia, antes das reformas da Copa. O motorista de taxi, que me lembrou de todos os motoristas de taxi do mundo, dirigiu feito um maluco pelas avenidas e como um “pazzo” pelas ruas velhas do centro de Nápoles. A noção de “transito caótico” dos guias de viagem é pouco. As ruas são estreitas e os carros e motos andam a toda, expulsando para os cantos os pedestres. Fiquei com pena de algumas velhinhas que vi pelo caminho, se esgueirando para uma proteção de metal que algumas vielas têm. Mal dá pra caber um carro e ali passam uma moto, um carro e dois pedestres. Ao mesmo tempo.
O motorista de taxi nos indicou alguns pontos, com uma bela vista do monte Vesúvio de do monte Somma, majestosamente situados no fundo da baia de Nápoles. Indicou o Quartiere Spagnoli, onde as ruas estreitas e prédios altos com varais de fora a fora dá a impressão do exótico que a Itália sempre mostrou aos turistas. Aquele abandono e pobreza blasé e aquele amontoamento de gente que se vê nos filmes italianos antigos.
Nossa anfitriã do AirBnB, a Marina, nos recebeu muito bem, mostrou os detalhes do quarto e da casa. Estamos num quarto no rés-do-chão de um prédio do século XVII, com as paredes descascando e janelas velhas e varais para a rua. Moraria num desses se obrigado pela necessidade, claro está. Mas se pudesse... Ah minha casinha!
Depois, Marina nos levou a conhecer a redondeza. Caminhamos pelas ruas do bairro, ruas estreitas e cheias de pequenos comércios: uma pizzaria, uma verduraria, uma mercearia, e essas outras coisas pré-capitalistas que a modernidade nos deixou sem. Nem temos tempo para comprar todas essas coisas num só lugar, o que dirá comprar tudo picado, e à dinheiro...
Mais abaixo está a grande Praça do Plebiscito, e seus grandes cafés, o Palácio Real, que está em reformas, e a opera São Carlos. Segundo Marina, ela está no mesmo nível do Scala de Milão. Tem na sua programação desta semana um “Romeu e Julieta”, a preços obviamente exorbitantes.
Marina nos deixou na galeria Umberto Primo e se foi. Voltamos no meio da multidão, de gente passeando num morno sábado à tarde.  Diz que as ruas são perigosas, e até crianças são batedoras de carteira. Vimos foi muita gente rindo e se divertindo, o que, dizem, é coisa que os napolitanos melhor sabem fazer.
Comemos uma marguerita à napolitana, uma massa de pão com massa de tomate e grandes (e poucas) folhas de manjericão e um pouco – muito pouco – de queijo. Em tempos de menos glúten e gordura, não é tão ruim assim. A noite chegou, e fomos dormir, exaustos de tanta viagem e novidade.

Ao que parece, Nápoles não é para principiantes....

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