sexta-feira, 25 de maio de 2018

UM PAIS NA BANGUELA



Sem caminhão o Brasil para, não é isso? É uma verdade nestes dias que correm. A greve dos caminhões chega ao seu quinto dia, com radicalização de todas as partes. O governo Temer, esse zumbi comandado por um vampiro, não sabe como sair da armadilha que ele mesmo criou. Os grevistas, numerosos e radicalizados, não tem comando efetivo e a anarquia começa a se instalar em vários lugares.
Ao que tudo indica, o movimento começou espontâneo. Os caminhoneiros autônomos, que em geral trabalham sempre na estica, com uma margem de sobrevivência muito estreita, não aguentou a política de preços promovida por Pedro parente, o homem do golpe dirigindo a Petrobras.
A frota brasileira de caminhões é uma das mais velhas do mundo. Os caminhoneiros não têm como comprar caminhões novos. Vivem trabalhando no limite da resistência física, a base de rebites e outros quetais. Os acidentes nas rodovias envolvendo caminhões tem uma frequência assustadora.
Por isso, a política “neoliberal” de Pedro Parente, de fazer reajustes automáticos do preço do combustível estava inviabilizando a vida dos caminhoneiros autônomos. Impossibilitados de manter suas parcas rendas, eles se rebelaram de maneira espontânea na ultima segunda feira.
O movimento acabou crescendo com a adesão de empresários, donos de grandes frotas, também pressionados pela política de preços de Pedro Parente. A greve, que era de autônomos, virou uma greve também de patrões. Não por acaso, as acusações de locaute são frequentes, tanto no governo quanto na imprensa.
A reunião em Brasília ontem, com os ministros do governo, foi uma reunião de empresários e algumas centrais sindicais. Não estava visível, a princípio, mas as pessoas que fizeram o acordo com Eliseu Padilha não tinham representatividade no movimento. O movimento não aceitou o acordo, e a radicalização aumenta.
Agora, surgem outros fantasmas. Temer, o presidente vampirode um governo zumbi, ameaça com a força. Escutam-se, entre alguns caminhoneiros, vozes pedindo intervenção militar. Os incendiários começam a divulgar mensagens para espalhar o térreo e o medo entre a população. Enquanto isso, o desabastecimento começa a ser uma ameaça real para milhões de pessoas.
O acordo que seria firmado entre o governo e os caminhoneiros começa a ser visto de uma maneira diferente. Muitos apoiam o movimento. Outros, criticam o fato de uma categoria usar de seu poder de pressão para obter um acordo que beira a chantagem. Outros movimentos surgem, como o dos motoboys e o de motoristas de van, pedindo uma diminuição também no preço da gasolina.
Eu particularmente, tenho muito receio de movimentações de caminhoneiros. Uma greve destas, em 1972 no Chile, acabou sendo o estopim do golpe que depôs Salvador Allende. Depois, se soube que o movimento dos caminhoneiros havia sido patrocinado pela CIA. Em 2015, um locaute semelhante pedia a deposição do governo de Dilma Rousseff.
Temer precisa de Pedro Parente. Por trás dos preços cada vez mais altos dos combustíveis estão setores ligados à distribuição do petróleo. Também adoram essa política o poderoso setor sucroalcooleiro, que amargou muitas perdas no passado com a política de manter baixo o preço da gasolina.
O impasse está criado. Vamos sofrer um final de semana de radicalização e desabastecimento. Outras greves semelhantes podem se formar no rastro da paralização dos caminhoneiros. O governo não tem credibilidade nem representa nada além dele mesmo, pois foi produto de uma deposição de um governo legalmente eleito. Não consegue nem ser neoliberal. Com o congresso do seu lado, não conseguiu aprovar todas as reformas que o capital queria. (O trabalho que trabalhe mais, e se cale.)
Usar a força nunca é bom. Paradoxalmente, pode ser um sinal de fraqueza. Deixar a população refém de uma categoria também não é bom, pois gera caos e anarquia. Da justiça brasileira nem é bom falar. Ela é responsável por boa parte do caos em que nos encontramos. a saída é o improviso, a falta de organização, a anarquia.
Vem a minha cabeça aquela frase que sempre achei injusta. Aquela que dizia que nós brasileiros não precisamos de furacões e terremotos. Temos nós mesmos, a brigar nas redes sociais num fla-flu sem fim. Temos um congresso que só se reúne para definir seus próprios interesses. Uma justiça capenga e parcial. E um presidente que não enxerga seu rosto no espelho.
Que São Mad Max olhe por nós.

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